A estratigrafia é a ciência descritiva dos estratos (do latim
stratum e do grego graphia). A estratigrafia tem a ver, não apenas com a
sucessão original com as relações de idade das camadas de rochas (sejam
elas de que tipo), mas também com a sua forma, arranjo interno,
distribuição geográfica, composição litológica, conteúdo fossilífero,
propriedades geofísicas e geoquímicas, ou seja, com todas as
propriedades e atributos das camadas de rochas e com a sua interpretação
em termos de ambiente, génese e história geológica.
Estratigrafia: como evoluiu ao longo dos tempos
Embora só em 1913, por Grabau, tenha sido publicado o primeiro
tratado de Estratigrafia, já desde o século XVII se tinha ideia dos
mecanismos de estratificação e de sedimentação que hoje se estudam nesta
disciplina da Geologia.
Nicolau Steno
(1638-1686): Definiu estrato como uma unidade de tempo de depósito
limitado por superfícies horizontais com continuidade lateral. Através
do Princípio da Sobreposição, estabeleceu que, numa sucessão de
estratos, aqueles que estão no topo são os mais recentes, em oposição
com os primeiros da sucessão.
Antonio Lazzaro Moro
(1687-1764): Estabeleceu que se poderia considerar a primeira subdivisão
estratigráfica dos materiais da superfície terrestre que não fossem
rochas maciças, não estratificadas, mais antigas, separadas das outras,
mais jovens, formadas por rochas estratificadas, que podem conter
fósseis contemporâneos do depósito.
Giovanni Arduino
(1713-1795): Distinguiu quatro tipos de material: primário (rochas não
estratificadas e sem fósseis), secundário (rochas estratificadas, com
fósseis), terciário (formados por restos das anteriores e perto das
mesmas) e vulcânico.
Johann Lehmann (1719-1767): Adoptou uma
classificação anterior à Biblia e chamou aos materiais primários,
"rochas da Criação".
Conde de Buffon (1707-1788): Foi o
primeiro a distanciar-se da ideia de que a Terra era jovem (na ordem dos
poucos milhares de anos) e sugeriu que esta tivesse pelo menos 75.000
anos; admitiu, ainda, que a Terra tinha sofrido variações na
distribuição de terras e mares.
Abraham Werner (1749-1817):
Defensor do Neptunismo, teoria que explicava a formação de rochas
através da precipitação química de elementos de um mar primitivo. Foi o
primeiro a usar a designação "formação" para conjuntos de rochas da
mesma idade.
James Hutton (1726-1797): Considerado o fundador
da Geologia moderna, tomava a Terra como um corpo em transformação,
onde as rochas e solos era, erodidos e levados para o oceano através dos
rios, depositando-se e estratificando, havendo lugar para um
levantamento posterior que possibilitaria uma nova erosão, e então, um
recomeçar do ciclo. Fundou a escola Plutonista (oposição ao Neptunismo).
William Smith (1769-1839): Mostrou que cada grupo de estratos continha
um grupo de fósseis e que uma formação com litologias homogéneas se
podia dividir em função do conteúdo fossilífero.
Charles
Lyell (1797-1875): Considerou uma escala de tempo geológico muito
superior a todas as estimativas anteriores. Partiu da ideia de
erosão-deposição de Hutton e explicou que o erosão se equilibrava com a
sedimentação e subsidência.
Por André Gonçalves
Referências:
Vera Torres, J. A. (1994) - Estratigrafia: Principios y Métodos
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