domingo, 4 de novembro de 2012

Estratigrafia

     A estratigrafia é a ciência descritiva dos estratos (do latim stratum e do grego graphia). A estratigrafia tem a ver, não apenas com a sucessão original com as relações de idade das camadas de rochas (sejam elas de que tipo), mas também com a sua forma, arranjo interno, distribuição geográfica, composição litológica, conteúdo fossilífero, propriedades geofísicas e geoquímicas, ou seja, com todas as propriedades e atributos das camadas de rochas e com a sua interpretação em termos de ambiente, génese e história geológica.

     Estratigrafia: como evoluiu ao longo dos tempos

     Embora só em 1913, por Grabau, tenha sido publicado o primeiro tratado de Estratigrafia, já desde o século XVII se tinha ideia dos mecanismos de estratificação e de sedimentação que hoje se estudam nesta disciplina da Geologia.

     Nicolau Steno (1638-1686): Definiu estrato como uma unidade de tempo de depósito limitado por superfícies horizontais com continuidade lateral. Através do Princípio da Sobreposição, estabeleceu que, numa sucessão de estratos, aqueles que estão no topo são os mais recentes, em oposição com os primeiros da sucessão.
     Antonio Lazzaro Moro (1687-1764): Estabeleceu que se poderia considerar a primeira subdivisão estratigráfica dos materiais da superfície terrestre que não fossem rochas maciças, não estratificadas, mais antigas, separadas das outras, mais jovens, formadas por rochas estratificadas, que podem conter fósseis contemporâneos do depósito.
     Giovanni Arduino (1713-1795): Distinguiu quatro tipos de material: primário (rochas não estratificadas e sem fósseis), secundário (rochas estratificadas, com fósseis), terciário (formados por restos das anteriores e perto das mesmas) e vulcânico.
     Johann Lehmann (1719-1767): Adoptou uma classificação anterior à Biblia e chamou aos materiais primários, "rochas da Criação".
     Conde de Buffon (1707-1788): Foi o primeiro a distanciar-se da ideia de que a Terra era jovem (na ordem dos poucos milhares de anos) e sugeriu que esta tivesse pelo menos 75.000 anos; admitiu, ainda, que a Terra tinha sofrido variações na distribuição de terras e mares.
     Abraham Werner (1749-1817): Defensor do Neptunismo, teoria que explicava a formação de rochas através da precipitação química de elementos de um mar primitivo. Foi o primeiro a usar a designação "formação" para conjuntos de rochas da mesma idade.
     James Hutton (1726-1797): Considerado o fundador da Geologia moderna, tomava a Terra como um corpo em transformação, onde as rochas e solos era, erodidos e levados para o oceano através dos rios, depositando-se e estratificando, havendo lugar para um levantamento posterior que possibilitaria uma nova erosão, e então, um recomeçar do ciclo. Fundou a escola Plutonista (oposição ao Neptunismo).
     William Smith (1769-1839): Mostrou que cada grupo de estratos continha um grupo de fósseis e que uma formação com litologias homogéneas se podia dividir em função do conteúdo fossilífero.
     Charles Lyell (1797-1875): Considerou uma escala de tempo geológico muito superior a todas as estimativas anteriores. Partiu da ideia de erosão-deposição de Hutton e explicou que o erosão se equilibrava com a sedimentação e subsidência.


Por André Gonçalves


Referências:
Vera Torres, J. A. (1994) - Estratigrafia: Principios y Métodos

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