sábado, 17 de novembro de 2012

Fácies


Fácies (do latim, facia ou facies:  significa aparência externa ou aspecto)

Conceito

Foi introduzido na Geologia por Nicholaus Steno em 1669, mas apenas em 1883, Amanz Gressly, lhe dá o uso estratigráfico actual.
O conceito de ‘‘fácies’’ , foi, e continua a ser ambíguo, variando consoante o autor. Mas de um modo geral independentemente de cada autor, a definição de fácies deve ser objectiva e basear-se em dados obtidos no campo ao observar as rochas; Walker (1984). Nesta observação devemos incluir e relacionar os aspectos geométricos (espessura e forma dos estratos) e os aspectos relativos ás propriedades das rochas (litologia, texturas, estruturas e figuras sedimentares, fósseis, etc.) destacando aqueles que melhor retratam a sua génese/origem e  que, de uma forma prática, nos permitem distinguir os diferentes conjuntos de materiais(rochas) e inferir sobre o seu ambiente de formação.







 Figura 1- Figura de carga em grauvaques, evidenciando a polaridade positiva (base de camada). Fácies flysch (xistos e grauvaques) da Zona Sul Portuguesa, Costa Vicentina.



A fácies mais utilizada no âmbito da Estratigrafia e Paleontologia é a fácies sedimentar:
 "representam conjuntos de rochas sedimentares que podem ser definidos e separados de outros pela sua geometria, litologia, estruturas sedimentares, destribuição de paleocorrentes e fósseis" - Selley (1970).





Referências:
   Vera Torres, J. A, (1994) - ''Estratigrafia. Principios y Métodos'', Ed. Rueda, Madrid, 802p
   Aulas de Petrologia Sedimentar e Sedimentologia(2011) leccionadas pela docente Beatriz Marques, em FCT7UNL

Videos:
http://www.youtube.com/watch?v=sI-ac36PlmQ&feature=player_embedded#!
http://www.youtube.com/watch?v=ydpJOgZYNBM

Figura1
 http://imagem.casadasciencias.org/



Tipos de fácies



-Litofácies: Usa-se para aludir apenas aos aspectos litológicos(não palenontológicos) de um conjunto de estratos e as condições físico-químicas(não biológicas) que dominam durante a deposição.


-Biofácies: É o termo complementar do anterior, ou seja, refere-se aos aspectos paleontológicos(não litológicos) e ás condições biológicas predominantes durante a deposição.

   No fundo, estes dois termos( "soma" da litofácies com a biofácies) originam a fácies do material que estamos a analisar.



-Microfácies: Denomina o conjunto de características litológicas e paleontológicas observáveis ao microscópio em lâmina delgada e as condições genáticas que controlaram a deposição.
   Dentro destas ainda podemos distinguir as nanofácies, visíveis apenas no microscópio electrónico e as tectofácies(baseado em materiais que se depositaram sobre as mesmas condições tectónicas).


-Electrofácies: Introduzido por Serra (1972), é o conjunto das respostas das diagrafias que caracterizam um estrato e permitem que este possa ser diferenciado dos outros que o rodeiam.
   As  electrofácies facilitam o reconhecimento de materiais de diferentes litofácies que se depositaram sobre condições diferentes.


-Fácies Sísmicas: Termo utilizado para denominar o conjunto de propriedades observadas num perfil sísmico para um estrato ou conjunto de estratos. Propriedades essas: configuração. amplitude, frequência, continuidade, velocidade do intervalo, ect.
   As fácies sísmicas permitem, assim, delimitar diferentes tipos de materiais e são obviamente controladas pelas litofácies, especialmente pelas geometrias das superfícies de estratificação, espessura dos estratos e pela litologia.


Referências:
   Vera Torres, J. A, (1994) - ''Estratigrafia. Principios y Métodos'', Ed. Rueda, Madrid, 802p
 


Classificação da fácies
Existem várias classificação que podem ser atribuidas ás fácies, normalmente usa-se a Classificação geral (Weller, 1960):
 

Tipo I  (fácies  petrográficas) : fácies  definidas com base no  aspecto  ou composição  petrográfica .
  •  Classe 1 —  fácies  generalizadas constituídas por todas  as  rochas de  determinado  tipo.
  •  Classe 2 —  fácies  constituídas por corpos de  rochas com forma,  extensão e relações  mútuas indefinidas .
Tipo II  ( fácies  estratigráficas ) : corpos líticos , com forma  variada, com  composição característica  e
separados  de outros  pelas suas relações tri- dimensionais,  limites e relações estratigráficas  mútuas.

  •    Classe 1 —  corresponde  às unidades litostratigráficas  convencionais ( Formação, etc.), distintas  verticalmente ;
  •    Classe 2 —  correspondem a partes  de  uma  unidade  estratigráfica ,  variam lateralmente  de  modo gradual. Os limites  laterais  são  planos  bem  definidos;
  •    Classe 3 —  correspondem a partes  de  uma  unidade  estratigráfica  com  limites  laterais  irregulares
  Frequentemente,  estas três  classes de  fácies  estratigráficas passam,  gradualmente, de
 umas às outras.

 
Tipo III ( fácies  ambientais) : fácies  definidas com base no  ambiente de  génese dos  corpos líticos. O ambiente é tomado  em sentido amplo :  litológico  ( nomeadamente  sedimentológico)  biológico ,  tectónico,
etc. Este tipo  de  fácies  é o que  mais se  aproxima da  definição clássica  baseada  no  aspecto,  ou características de  uma  dada  rocha .
 





Referências:
  Aulas Estratigrafia e Paleontologia(2012) leccionadas pelo docente Paulo Legoinha, em FCT/UNL
Vera Torres, J. A, (1994) - ''Estratigrafia. Principios y Métodos'', Ed. Rueda, Madrid, 802p

Tabela:
Adaptada da aula 7 de Estratigrafia e Paleontologia

domingo, 11 de novembro de 2012

Um estudo estratigráfico no Grand Canyon

     Deixo, aqui, um vídeo que aborda as diferentes litologias presentes no Grand Canyon, no estado do Arizona (Estados Unidos da América), fazendo a sua análise de ambientes sedimentares e referências aos princípios da Estratigrafia.



Por André Gonçalves


Fonte:
http://www.youtube.com/watch?v=wDxFOEvHpSc

domingo, 4 de novembro de 2012

Estratigrafia

     A estratigrafia é a ciência descritiva dos estratos (do latim stratum e do grego graphia). A estratigrafia tem a ver, não apenas com a sucessão original com as relações de idade das camadas de rochas (sejam elas de que tipo), mas também com a sua forma, arranjo interno, distribuição geográfica, composição litológica, conteúdo fossilífero, propriedades geofísicas e geoquímicas, ou seja, com todas as propriedades e atributos das camadas de rochas e com a sua interpretação em termos de ambiente, génese e história geológica.

     Estratigrafia: como evoluiu ao longo dos tempos

     Embora só em 1913, por Grabau, tenha sido publicado o primeiro tratado de Estratigrafia, já desde o século XVII se tinha ideia dos mecanismos de estratificação e de sedimentação que hoje se estudam nesta disciplina da Geologia.

     Nicolau Steno (1638-1686): Definiu estrato como uma unidade de tempo de depósito limitado por superfícies horizontais com continuidade lateral. Através do Princípio da Sobreposição, estabeleceu que, numa sucessão de estratos, aqueles que estão no topo são os mais recentes, em oposição com os primeiros da sucessão.
     Antonio Lazzaro Moro (1687-1764): Estabeleceu que se poderia considerar a primeira subdivisão estratigráfica dos materiais da superfície terrestre que não fossem rochas maciças, não estratificadas, mais antigas, separadas das outras, mais jovens, formadas por rochas estratificadas, que podem conter fósseis contemporâneos do depósito.
     Giovanni Arduino (1713-1795): Distinguiu quatro tipos de material: primário (rochas não estratificadas e sem fósseis), secundário (rochas estratificadas, com fósseis), terciário (formados por restos das anteriores e perto das mesmas) e vulcânico.
     Johann Lehmann (1719-1767): Adoptou uma classificação anterior à Biblia e chamou aos materiais primários, "rochas da Criação".
     Conde de Buffon (1707-1788): Foi o primeiro a distanciar-se da ideia de que a Terra era jovem (na ordem dos poucos milhares de anos) e sugeriu que esta tivesse pelo menos 75.000 anos; admitiu, ainda, que a Terra tinha sofrido variações na distribuição de terras e mares.
     Abraham Werner (1749-1817): Defensor do Neptunismo, teoria que explicava a formação de rochas através da precipitação química de elementos de um mar primitivo. Foi o primeiro a usar a designação "formação" para conjuntos de rochas da mesma idade.
     James Hutton (1726-1797): Considerado o fundador da Geologia moderna, tomava a Terra como um corpo em transformação, onde as rochas e solos era, erodidos e levados para o oceano através dos rios, depositando-se e estratificando, havendo lugar para um levantamento posterior que possibilitaria uma nova erosão, e então, um recomeçar do ciclo. Fundou a escola Plutonista (oposição ao Neptunismo).
     William Smith (1769-1839): Mostrou que cada grupo de estratos continha um grupo de fósseis e que uma formação com litologias homogéneas se podia dividir em função do conteúdo fossilífero.
     Charles Lyell (1797-1875): Considerou uma escala de tempo geológico muito superior a todas as estimativas anteriores. Partiu da ideia de erosão-deposição de Hutton e explicou que o erosão se equilibrava com a sedimentação e subsidência.


Por André Gonçalves


Referências:
Vera Torres, J. A. (1994) - Estratigrafia: Principios y Métodos

Panótia

     Panótia, em Português ou Pannotia, em Inglês, foi um hipotético supercontinente proposto em 1997 por Ian  Dalziel, que existiu num período compreendido há 600 e 540 M.a, ou seja, desde o Neo-Proterozóico até ao final do Pré-Câmbrico (final da orogenia Pan-Africana). A sua divisão deu origem a 4 outros continentes: Laurência, Báltica, Sibéria e Gondwana.
     O seu predecessor foi a Rodínia e o seu sucessor a Pangeia.


Figura 1 - Terra no final do Proterozóico (650 M. a.)

 


     Por André Gonçalves


     Referências:
     Pannotia. Página consultada a 4 de Novembro de 2012. <http://es.wikipedia.org/wiki/Pannotia>
     Pais, João e Rocha, R. (2010) - Quadro de divisões estratigráficas.

sábado, 3 de novembro de 2012

Bem-vindos

      Saudações estratigráficas,

    Este blog foi criado no âmbito da disciplina de Estratigrafia e Paleontologia do curso de Engenharia Geológica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
    O intuito principal do blog é fazer uma abordagem directa e concisa à estratigrafia. Não obstante, o mesmo pode conter erros e imprecisões.

     Os autores,
     André Gonçalves e Duarte Brasil